O movimento ESG foi lançado no fim do século XX com a proposta ambiciosa de mobilizar os maiores investidores do mundo para agir nas principais questões de interesse global. O objetivo do movimento era demonstrar que considerar as práticas de gestão de riscos envolvendo questões ambientais, sociais e de governança poderia de fato melhorar o investimento.
“Criar um vírus positivo que pudéssemos plantar nas principais finanças e investimentos para iniciar uma conversa diferente de que essas questões são reais, são materiais e afetam seus investimentos de longo prazo”. Esse era objetivo do movimento ESG, de acordo com Paul Clements-Hunt, ex-chefe da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental da ONU (www.unepfi.org), que foi fundamental para a popularização do ESG a partir do início dos anos 2000.
Já havia instituições financeiras de nicho que ofereciam opções de “investimento socialmente responsável”. Porém, a equipe da ONU sabia que um apelo ético não seria suficiente para atrair a atenção dos investidores institucionais. Para que o ESG se tornasse uma estratégia de investimento mais amplamente adotada, seria necessário provar que havia um benefício financeiro real.
Em 2004, um relatório desenvolvido pelos principais analistas de corretoras - incluindo Goldman Sachs Global Energy Research, HSBC Asset Management e Deutsche Bank Global Equity Research -, defendeu que os retornos financeiros de longo prazo dependem da "integração rigorosa de fatores ambientais, sociais e questões de governança corporativa” no processo de investimento. E esse é um elemento central nas definições sobre investimento de impacto, segundo também é relatado por Sir Ronald Cohen em seu belíssimo livro Impact: Reshaping Capitalism to Drive Real Change.
O PRI - Princípios para Investimento Responsável - foi o veículo que levou o ESG ao próximo nível, pois contava com 63 signatários representando mais de US$ 6,5 trilhões em ativos. Em 2021, já eram 3.900 instituições, representando mais de US$ 120 trilhões em ativos.
Com o aumento de eventos climáticos extremos, a consciência sobre os efeitos dos investimentos de impacto no longo prazo também aumentou. O ESG deixou de ser visto
como simplesmente um processo para avaliar a saúde e a lucratividade futura de uma empresa, e passou a ser considerado como uma forma de direcionar a economia global para um caminho mais sustentável.
O valor de mercado dos investimentos ESG foi estimado em US$ 35 trilhões em 2022, o que representou um crescimento de 23% em relação a 2021. Ao mesmo tempo, o número de países com alguma forma de regulamentação ESG chegou a 60 e o de fundos ESG a 11 mil.
A demanda por produtos e serviços sustentáveis vem crescendo, com consumidores cada vez mais conscientes e preocupados com os impactos ambientais e sociais das empresas com as quais fazem negócios.
À medida que a conscientização sobre os riscos e oportunidades ESG cresce, é necessário também avançar na geração de informações cada vez mais precisas, confiáveis e comparáveis sobre os impactos gerados e a pegada de carbono de cada indivíduo, empresa e país. Só assim, conseguiremos avançar na velocidade que as mudanças climáticas impõem.