O Brasil é riquíssimo em manifestações culturais de todos os gêneros sendo que de todas elas, o Carnaval, pela sua abrangência nacional e sua natureza democrática, representa a riqueza cultural do nosso país. A importância do Carnaval, no entanto, ultrapassa os aspectos meramente recreativos pois é um setor econômico que movimenta milhões de reais e inúmeras empresas de todos os tamanhos.
A cadeia produtiva do Carnaval inclui elaboração de projetos criativos, produção musical, produção da matéria prima, construção de carros alegóricos e fantasias, produção de camarotes e festas dentre muitas outras atividades. O setor é reconhecido como grande gerador de empregos, contratando serviços fixos e temporários que se estendem por todas as classes sociais. Estes serviços incluem especialidades artísticas e gerenciais sendo uma importante fonte de renda e um fator de inclusão para muitos trabalhadores que vem de áreas marginalizadas. A preocupação com causas sociais e manutenção das culturas locais acompanha a festa desde as suas origens.
No entanto a alegria e diversão trazida por essa enorme manifestação de natureza participativa tem um preço. Todos os anos são geradas toneladas de lixo na forma de garrafas, latas e papel, além, naturalmente da urina e outros dejetos biológicos que poluem as ruas e canteiros. Enredos que falam ecologia, respeito aos animais, e preservação da natureza são comuns, no entanto na prática, os carros alegóricos são construídos utilizando materiais não biodegradáveis podem ser extremamente tóxicos. Todas essas ações têm um enorme impacto no meio ambiente.
Como fazer um Carnaval sustentável?
Do ponto de vista do publico consumidor, começa pela conscientização de que a limpeza pessoal e da cidade é responsabilidade de todos. Optar por copos ou acessórios pessoais reutilizáveis fabricados com material reciclado é uma forma de reduzir o consumo do plástico e contribuir para reduzir o máximo possível a quantidade de lixo produzida.
No lado da produção, as escolas de samba já se conscientizaram de que a sustentabilidade deve integrar as atividades produtivas do Carnaval. No Rio de Janeiro, o Império Serrano foi a primeira escola a contratar um diretor de sustentabilidade¹. Em São Paulo, uma empresa de reciclagem firmou uma parceria com a Liga das Escolas de Samba de São Paulo para reciclar os componentes feito de isopor². Muitas prefeituras, como a de Vitória e de Salvador, já buscam fazer parcerias com certificadoras ESG para garantir que suas ações durante o Carnaval estejam dentro das normas. Iniciativas isoladas para utilização de energia limpa e compensação das emissões de carbono em ensaios técnicos e desfiles existem, mas ainda há falta de conhecimento técnico, profissionais capacitados e disponibilidade financeira para fazer do Carnaval uma festa verdadeiramente sustentável.
Em 2024 o Brasil estará sob os olhares de todo o mundo com relação às suas práticas ambientais e não haverá momento melhor para mostrar que a nossa maior e mais popular festividade está totalmente alinhada e empenhada em fazer a sua parte em salvar o futuro do nosso planeta.
¹ Jesus, Regiane. Diretoria de Sustentabilidade: Império Serrano contrata especialista e investe em ações em prol do ambiente. O Globo. 11/01/2024. Disponível em https://oglobo.globo.com/rio/bairros/tijuca-e-zona-norte/noticia/2024/01/11/diretoria-de-sustentabilidade-imperio-serrano-contrata-especialista-e-investe-em-acoes-em-prol-do-ambiente.ghtml
² https://www.epsbrasil.eco.br/noticia/view/125/carnaval-e-sustentabilidade.html