Historicamente, museus e instituições culturais tiveram dificuldade em se identificar com os critérios ESG. Um dos motivos pode ser atribuído à inexistência de referência direta à cultura nos ODS, que exige a proteção de patrimônio cultural em apenas uma (11.4 do ODS 11) de suas 196 metas¹.
Museus são tipicamente estabelecidos como organizações sem fins lucrativos que visam representar e promover os interesses da sociedade através da preservação, exibição e ensino de história cultural. Como organizações cuja reponsabilidade principal é a preservação de ativos culturais para as gerações futuras, os museus têm uma voz poderosa. No entanto não basta que sirvam simplesmente como monumentos para preservação.
Atualmente já existem movimentos liderados pelas principais instituições culturais mundiais, que estão transformando suas práticas para se alinharem ao desenvolvimento sustentável e à luta contra as mudanças climáticas. Tecnologias antiquadas para a manutenção das condições rigorosas de conservação necessárias para a manutenção dos artefatos históricos e artísticos² estão sendo substituídas por novas tecnologias sustentáveis.
No entanto, a implementação dos critérios ESG não se limita apenas às estruturas físicas. A gestão de museus é extremamente cara. Preservar o passado, educar o presente e moldar o futuro têm um custo alto. Grande parte dos museus no Brasil são organizações públicas que dependem de verbas públicas. Muitas dessas instituições fazem parcerias e convênios com entes privados para viabilizar reformas e projetos que não seriam possíveis de outra forma. A análise desses parceiros e doadores nem sempre inclui a aderência e comprometimento aos critérios ESG.
Como incluir as práticas ESG no universo das artes? Algumas medidas imediatas podem incluir:
Redução das emissões de viagens provenientes de pessoas que viajam de e para eventos de arte utilizando recursos digitais e produzindo eventos locais.
Transporte sustentável de obras de arte trabalhando com fornecedores de logística verde, coordenando remessas com outras galerias e encontrando embalagens que reduzam o volume e o peso das remessas.
Eficiência energética das instalações por meio de controle e configuração dos sistemas de infraestrutura, instalação de tecnologias de baixo carbono; e geração de energia própria.
Implementação de políticas ESG garantindo a diversidade nos conselhos de administração; definindo regras claras sobre a obrigatoriedade de aderência a critérios ESG para empresas que queiram patrocinar ou celebrar convênios com a instituição; e implementando estratégias de sustentabilidade maximizem o impacto positivo e minimizem o impacto negativo no meio ambiente e nas comunidades locais.
A oportunidade de implementar ESG em museus e outras instituições culturais reside exatamente em estarmos num momento em que as discussões sobre a preservação do futuro do nosso planeta ultrapassam os limites desses entes cuja responsabilidade é de preservar a nossa história.
¹Rubim, Daniel. Museus e suas sustentabilidades: finanças, gestão, conteúdo e ESG. 2009. Disponível em http://www.forumpermanente.org/event_pres/encontros/encontros-paulista-de-museus/i-encontro-paulista-de-museus/relatos-criticos/relato-critico-2013-sustentabilidade-para-museus Acessado em 5 de dezembro de 2023.
²Como conservar o patrimônio respeitando o meio ambiente? 2023. Disponível em https://www.iberdrola.com/cultural/museus-sustentaveis Acessado em 9 de dezembro de 2023.